Meliponário do Parque Cultural Florata resgata a criação de abelhas sem ferrão no Cerrado
O Parque Cultural Florata, situado em Santo Antônio de Goiás, a 27 km de Goiânia, inaugurou em 2022 um meliponário dedicado à criação de abelhas nativas sem ferrão. Coordenado pela meliponicultora Gisana Cristina, o meliponário é fruto de uma parceria entre a Elysium Sociedade Cultural e a UBMeliponário. Essa iniciativa visa não apenas a preservação ambiental, mas também a educação e sensibilização do público quanto à importância das abelhas para a biodiversidade.
A produtora cultural da Elysium Sociedade Cultural, Caroline Unes, destaca que o parque foi criado com objetivo de recuperar a área degradada pela agropecuária tradicional, e que a introdução do meliponário contribuiu diretamente para a preservação das abelhas nativas, essenciais para a manutenção dos ecossistemas. “Quando criamos o Florata, buscamos profissionais especializados na área ambiental para que pudéssemos utilizar várias abordagens na recuperação dessa área, e a criação do meliponário foi uma soluções apresentadas”.
Gisana Cristina, meliponicultora responsável pelo meliponário, explica que o meliponário foi estrategicamente instalado próximo à agrofloresta do parque, uma técnica de reflorestamento que integra culturas agrícolas e árvores perenes, frutíferas e leguminosas em uma mesma área. “O incremento na interação entre abelhas e plantas na agrofloresta não só promove a polinização como também melhora a produtividade agrícola e a qualidade dos frutos”, destaca Gisana.
A especialista explica que o meliponário do parque abriga diversas espécies de abelhas sem ferrão, como Mandaçaia (Melipona quadrifasciata anthidioides), Tiúba (Melipona fasciculata), Marmelada (Frieseomelitta varia), Jataí (Tetragonisca angustula) e Mocinha Preta (Frieseomelitta languida). “Cada espécie possui características únicas e desempenha um papel vital na polinização das plantas do parque, e além dele também”, afirma.
Educação Ambiental
O meliponário do Parque Cultural Florata é também um poderoso instrumento de educação ambiental. O espaço oferece atividades práticas e de manejo das abelhas, além de visitas guiadas para escolas e instituições. Os visitantes podem assistir a apresentações sobre o comportamento das abelhas sem ferrão (meliponini) coletando pólen nas flores; explorar o jardim sensorial, sentindo as diferentes texturas dos insumos das colmeias, e ouvir os sons das produtoras de mel em ação.
Caroline ressalta a importância dessas atividades. “Queremos formar cidadãos ambientalmente conscientes, mostrando a importância das abelhas nativas não apenas para a polinização, mas para a manutenção da biodiversidade. As visitas educativas ajudam a combater a insetofobia e despertam a curiosidade sobre a fauna brasileira em crianças e adultos”, afirma.
Diferenças entre Meliponicultura e Apicultura
Enquanto a apicultura é a criação de abelhas com ferrão, introduzidas no Brasil pelos padres jesuítas em 1839 para a produção de cera, a meliponicultura é a criação de abelhas nativas sem ferrão. Essas abelhas, que desenvolveram outras técnicas de defesa e perderam a capacidade de ferroar, são fundamentais para a polinização de quase 90% das plantas no Brasil.
“Embora as abelhas com ferrão sejam conhecidas pela sua alta produtividade de mel, as abelhas sem ferrão são cruciais para o equilíbrio dos ecossistemas. Elas produzem mel em potes de cera e própolis, organizados em camadas horizontais, ao contrário das abelhas com ferrão que utilizam favos verticais nas caixas Langstroth [colmeias padronizadas utilizadas em apicultura em muitas partes do mundo]”, explica Gisana.
E você, já conhece o meliponário do Florata? Se a resposta foi não, já reserve o próximo fim de semana para conhecer esse espaço e passar o dia por aqui. O Parque Cultural Florata está localizado na Rodovia GO 462, Km 12, Santo Antônio de Goiás e o telefone para mais informações é (62) 3645-0904.