A vida continua no Parque Florata

 em AgroFloresta

Vivemos dias incertos atualmente em nosso planeta, mudamos os planos, forma de trabalhar e de nos relacionar com as pessoas, mas algo apesar de todas as circunstancias permanece seguindo seu curso, seu plano, sua “agenda”, a Natureza. Durante esses dias o Parque Florata se mantem vivo e dando frutos graças ao ciclo natural de vida em natureza e o empenho de profissionais comprometidos com o meio ambiente, buscando sempre atender as normas de segurança exigidas pelo período que estamos passando e respeitando a relação do homem com o meio ambiente.

Ao longo dos últimos dois anos e meio nos propomos a construir um lugar onde arte e natureza se complementam em um espaço rico em vida, a primeira área a se estabelecer dentro do Parque Cultural Florata é a Agrofloresta. O plantio de sistemas agroflorestais é uma forma de recuperar áreas degradadas pela atividade agropecuária, tornando-as verdes e férteis novamente. Embora a produção de alimentos faça parte do processo, o objetivo principal é possibilitar o reflorestamento, preservação e aumento da qualidade ambiental. Para contar como estamos avançando nessa trajetória convidamos o Biólogo e agricultor Murilo Arantes, responsável técnico pela Agrofloresta do Parque Florata para contar um pouco dessa história.

“A área da agrofloresta do Parque Florata foi plantada em novembro de 2017, estávamos nos primeiros dias de novembro (final do período de seca), portanto, começamos a plantar na chegada das chuvas, iniciamos o trabalho de preparo do solo e plantio da agrofloresta, plantando as mudas e sementes nas linhas. Esse plantio foi feito oito meses antes do lançamento do empreendimento Florata, de modo que no lançamento já haviam bananeiras soltando o pendão pra dar o primeiro cacho, já tínhamos também mamoeiros carregados, mas ainda verdes. Foi muito legal podermos fazer o lançamento com a agrofloresta já em crescimento, a mandioca já pudemos colher e doamos muitos alimentos produzidos naquela área.

De lá pra cá, nunca deixamos de produzir, são dois anos e meio de produção, nesse período foram colhidos aproximadamente 15 toneladas de alimentos, mandioca, abóbora, banana, mamão, inúmeras hortaliças produzidas e frutas também, a colheita continua, semanalmente aproximadamente 40 famílias tem usufruído dos benefícios, principalmente das hortaliças, mas das frutas também que são produzidas na área. São quase 60 espécies, entre nativas, frutíferas, e hortaliças além de 1700 árvores plantadas.

Do ponto de vista técnico, o desenvolvimento da área é bastante satisfatório.  Com dois anos e meio de atividades, observamos um bom porte, saúde e o vigor nas plantas que foram plantadas na agrofloresta. O resultado é muito bom, demonstra que estamos próximos dos objetivos que foram imaginados e planejados pra aquela área. O primeiro objetivo que tínhamos, não era produção de alimentos, era a restauração florestal da área pra criar um corredor ecológico entre a área de preservação permanente (APP) e a reserva legal que temos na parte de cima da agrofloresta. É muito legal ver hoje que esse corredor ecológico está ativo, e de fato sendo utilizado pelos animais, além das seriemas que sempre são vistas por lá, inúmeros pássaros, alguns que nunca tínhamos visto naquela região no início do plantio, e hoje se alimentam na agrofloresta, de vez em quando é possível avistar macacos andando por lá, veados campeiros… esse é para mim um dos resultados mais importantes, de fato estamos ali estruturando uma floresta com produção de alimentos. Um outro objetivo, que é secundário mas muito importante pra constar, é que já observamos um aumento no volume de água na nascente que existe na APP abaixo da agrofloresta, então a agrofloresta também está servindo como uma bacia de captação de água, possibilitando a infiltração para o lençol freático o que reflete na nascente que alimenta a primeira represa do parque. No ano passado plantamos uma área que denominamos de pomar, com frutas do cerrado que já haviam sido plantadas antes da chegada da agrofloresta, temos, baru, pequi, cagaita, murici, mangaba, araçá, ingás e outras, além das frutas do cerrado, plantamos  também algumas tradicionais dos quintais de roça de antigamente, jabuticaba, pitanga, acerola… esse plantio foi feito há um ano em estilo de mandalas agroflorestais, então tem a fruta principal no centro, mas tem mandioca tem abóbora, milho, feijão, tem as bananas, algumas espécies que plantamos para poderem ser podadas gerando assim biomassa para cobrirmos o solo. Isso tudo melhora a saúde das plantas, foco que são essas mencionei, as frutíferas do cerrado e as frutíferas de quintal. Essas mandalas podem ser vistas nas imagens. Esse ano também abrimos, um novo talhão (área de plantio), pra ampliar a agrofloresta e também continuar a produção de hortaliças em área aberta, onde é melhor para produzirmos plantas com mais vigor e saúde. Esse novo talhão já está plantado com hortaliças e as linhas de árvores também foram plantadas.

Ainda falando na parte técnica de cuidado, como na agrofloresta usamos diversas espécies pra se desenvolverem ao longo do tempo e de ciclos de vida diferentes, também plantamos de maneira bem próximas umas das outras, a densidade (número de árvores em determinado espaço) que usamos é alta por metro quadrado, isso exige de nós, que acompanhamos o desenvolvimento da área, uma atenção e cuidado com o manejo (cuidados e trabalhos para manter a qualidade dos plantios – capinas, podas, adubações, colheitas e outros). Então, são feitas podas periódicas na área, as bananas são podadas frequentemente pra que tenhamos sempre uma quantidade de luz que possibilite o bom desenvolvimento das frutíferas e das nativas que ali estão crescendo. Do ponto de vista técnico, meu trabalho de acompanhamento das atividades no Parque é fazer com que esse desenvolvimento seja adequado tanto pras frutíferas quanto pras nativas sem deixar que o sistema sombreie muito. Para isso fazemos esse trabalho de acompanhamento e manejo, com podas periódicas mantendo sempre o solo das linhas cobertos, esse é o grande diferencial da agrofloresta e desse acompanhamento, a planta sempre tem matéria orgânica em decomposição, formando um excelente adubo natural ao pé delas, mantendo a umidade, criando condições de vida pras minhocas, bactérias e fungos trabalharem, isso possibilita o vigor e a  vitalidade que as plantas tem naquela área.”

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